terça-feira, 21 de agosto de 2012

Fazer


 Eu estou em um lugar e quero estar em outro,
 quero estar em vários lugares ao mesmo tempo,
 e ser muitas pessoas diferentes.
 Quero saber fazer tudo,
 ser especialista em áreas totalmente distintas.
 Ser tímida e extrovertida, engenheira e artista.
 Ser das letras e dos cálculos, da terra e do asfalto.
 Ver os dois lados de uma história,
 e perceber que na verdade
 a única que tem razão é a memória.
 Não fazer todo dia a mesma coisa,
 mudar de rumo, passar apuros...
 Eu não quero nada, e quero tudo.

terça-feira, 17 de julho de 2012

O ser humano não aceita a paz

 Viver todos os dias da mesma forma, dia após dia numa repetição infinita de acontecimentos deixa qualquer um louco. O motivo das desavenças com outras pessoas não é apenas as diferenças de gêneros, mas também a necessidade que o ser humano tem de conflitos, para que a vida se torne mais interessante. Por isso que muitos se incomodam com coisas tão singelas a ponto de querer brigar por isso. É preciso estar em movimento.
 Mesmo que isso signifique, arranjar confusão por sua esposa ter feito cesariana ou não. Sim, "porque se você fez cesariana, você não pariu mulher...", esse tipo de coisa que a gente ouve em uma conversa de pessoas desesperadas por um pouco de aventura na vida. Ao meu ver, o homem que disse isso, sim porque isso só poderia sair da cabeça de um homenzinho, na verdade esconde um desejo reprimido de ser uma mulher. Na cabeça desse ser, o único modo de realmente conceber é sentindo dor.
 Então, para criar, ser, sentir, viver, é preciso sofrer. Pois o sofrimento só é necessário, porque alguns julgam assim, tudo é da forme que é porque as pessoas pensam assim, e criam um mundo que atrapalha aquele que foi criado por você. Você é um mundo, que está sempre em conflito com os outros mais próximos de você. É como uma guerra constante, sem esperança de paz, ou trégua.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Hannah Arendt



O amor é uma poderosa força antipolítica
“O amor, em virtude de sua paixão, destrói o ‘entre’, esse espaço que nos relaciona com outros e nos separa deles. Enquanto dura seu encanto, o único ‘entre’ que pode inserir-se no meio de dois amantes é a criança, o próprio produto do amor. A criança, esse ‘entre’ com que os amantes agora estão relacionados e mantêm em comum, é representativa do mundo onde ela também os separa; é uma indicação de que eles inserirão um novo mundo no mundo existente. Por meio da criança, é como se os amantes retornassem ao mundo do qual seu amor os expeliu. Mas essa nova mundanidade, resultado e único final possíveis de um caso de amor, é, num certo sentido, o final de um amor, que deve superar novamente os padrões ou ser transformado em outro modo de estar juntos. O amor por sua natureza não é mundano, e é por isso — não por raridade — que é não apenas apolítico, mas antipolítico, talvez a mais poderosa de todas as forças antipolíticas humanas.”

(Trecho de “A Con­dição Hu­mana”, de Hannah Arendt)

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Me perdi.




 Até então eu pensava que sabia quem eu era. Estava fazendo tudo aquilo que era bom para mim e meu futuro. Tudo o que me diziam. Mas não sabia exatamente o porque de tudo aquilo. Pode até parecer estranho, mas na verdade nunca desejei nada. Ia para onde me mandavam, sem pensar muito bem até onde isso me levaria. Aqueles próximos de mim não perderam tempo, sabiam muito bem o que queriam, e como chegar lá. Pelo menos foi a conclusão que tirei depois que me perdi, ou me achei não sei. 
 Apesar disso, penso que uma decisão errada que tomei, porque ninguém me obrigou a nada, foi certa. Isso me levou a um lugar que me abriu os olhos, até então, para uma realidade que eu não conhecia. Aprendi nesse lugar coisas que não sabia e que sei que se tivesse tomado o caminho certo, nunca aprenderia. Sou muito jovem e não precisava daquilo para viver, mas para aprender. Fui criada em um lugar que não me possibilitou ver a verdade. Eles fizeram de tudo para que eu ficasse o melhor possível.
 As oportunidades passaram por mim e eu deixei elas irem, porque não achava que elas eram dignas de mim. Eu me achava incrivelmente importante e insubstituível, esse lugar  me ensinou que eu estava enganada.        Me ensinou que nem todas as pessoas tem boas intenções, que fora da minha casa existe muita gente invejosa, e que não perde uma oportunidade de passar por cima de você, se estiver impedindo o caminho delas para conseguir algo. Eu cresci e amadureci nesse lugar, que eu penso que me ensinou muito mais do que todo o tempo que eu passei na escola. Conheci muita gente nobre que não recebe o respeito que merece, pelo que é, e pelo que faz. Gente que eu nunca vou esquecer, porque realmente mudaram a minha vida. E que se for possível gostaria de continuar mantendo contato, porque tive que sair de lá. Não aguentei mais, era muito pesado para mim, e eu entrei em crise. Porque graças a esse lugar, tive minha primeira crise existencial: "o que sou? onde estou? como cheguei aqui? para onde vou?será que eu preciso mesmo disso?" E isso me fez muito bem. Me ajudou a descobrir o que eu realmente gosto e quero para minha vida.
 Eu arranjei um emprego. Todos deviam ter pelo menos um na vida.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

A Vizinha

 "Uma religião que não respeita a do próximo para mim não tem nenhum valor, parece só mais uma forma de exclusão, do tipo, se você não anda com a gente, não acredita em Deus...existem muitas formas de fé, e a não aceitação da escolha do outro me assusta."

 O papo começou na maior paz. Até porque todos são muito bem educados. Eu estava ali apenas para ouvir. Porque não sou parte deles, me sinto mais como uma intrusa. Apesar da primeira impressão ser de uma família amorosa e gentil. Falavam sobre o seu dia a dia, sua rotina como um grupo. De repente começaram a falar alto e um deles pareceu muito exaltado e até raivoso, mudou totalmente seu semblante.

Ele:
 “Eu não acredito que ela teve coragem de fazer isso com todos..., em uma família em que todos seguem as leis , e nem adianta dizer que ela não sabia em que estava se metendo”.  
Ela:
“Agora ela me vê e finge que nem conhece, ontem ela foi estender roupas no quintal e fingiu que não estava me vendo ali’.
Ele:
“Agora quando eu vejo os trabalhos aí na rua, boto fogo mesmo!!! Porque só ele tem poder!!! O marido quando passa por mim no carro nem olha na minha cara, porque o demônio sabe que se ele olhar nos meus olhos É FOGO!!! Isso aí é ele que não deixa ele me olhar”.
A Outra:
“Esses dia eu desci do ônibus e joguei óleo ungido no trabalho, o motorista falou que não era pra mexer... mas tem que mexer, QUE NÃO MEXER O QUE! NÃO TENHO MEDO! A gente tem que mexer para que eles não façam mal a ninguém!”
No momento eu só conseguia pensar, com que tipo de gente eu estou me metendo?
Ele:
 "Mas macumbeiro não tem vez com o poder de jesus!"
SILÊNCIO.
 Depois dessa "conversa", contei os minutos para poder ir embora, por pura sorte estava em uma região em que a condução só passa três vezes no dia, se perdesse a segunda teria que voltar para a casa. Nunca rezei tanto, para não perder o ônibus. Nunca mais volto lá.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Fim

 Não importa que tipo de relacionamento você tenha, quando ele chega ao fim, sendo ele intenso ou não, você sente a dor da perda. Como se você de repente tivesse se desvencilhado do seu caminho, está perdido, e com medo do futuro. Daí começa a fazer escolhas estranhas, geralmente aquelas que normalmente não faria, porque pensa que talvez esse tenha sido o seu erro. Então fica mais vulnerável, a aqueles que sabem o que querem. E não querem e nem precisam perder tempo esperando você decidir o que realmente quer. É aí que você perde o controle e começa a ser manipulado...
 Você nem percebe, mas não saber o que realmente quer, pode ser o começo do seu fim. E perder a fé em tudo e em si mesmo, eu acho que é onde mora o diabo. Porque somos nós que criamos nossa realidade, quando você fica deprimido e perde a vontade de criar o seu futuro, você morre, figurativamente... Você passa por aquela fase de se "redescobrir", cai-se na ideia de que tudo até aquele momento não era você. Tem que tentar coisas novas, procurar outras realidades paralelas, porque acha que vai encontrar aquilo que perdeu...
 Mas na verdade você está errado, porque você é exatamente aquilo que era no começo do relacionamento, mas está com medo de admitir o fim, porque ninguém suporta bem o fracasso. O que você deve realmente fazer é aprender com o que errou, guardar todas as experiências, se aceitar como é, e recomeçar. Finalmente fechar esse ciclo, porque na verdade tudo é um ciclo. Que inevitavelmente tem um fim.

sábado, 7 de abril de 2012

Tudo o que ela quer é apenas Coragem

   


 Ela é incrivelmente linda, mas causa medo.... porque é misteriosa e o desconhecido geralmente amedronta.
    Parece longe, quase intocável. Coisa que na verdade, é aquilo que ela mais deseja, ser tocada, não apenas sexualmente, porque o que não faltam são seres dispostos, mas mais do que isso, necessita de encantamento, alguém que a tire do tédio infinito em que se encontra, que a ouça, e a faça escutar... e enquanto não encontra ( ou nunca encontre, fato que ela já aceitou) , se mantem distante daqueles que desejam seu afeto.                              
  O círculo a protege, como todas as barreiras que ela põe em volta de si mesma, para que os outros não percebam o quanto ela é frágil.
A beleza que é tanto invejada, a afasta do resto das pessoas, e lhe dá a falsa ideia de que ela não precisa de ninguém para se virar sozinha.
  E aí é que está a causa do seu infortúnio. Ela mal sabe mas, perderá sua inocência para todo sempre, numa noite como essa. Quando a gente acha que nada de ruim pode acontecer nessas nossas vidas tão repetitivas. Afinal, tragédias não acontecem com pessoas comuns... o que nós esquecemos é que antes dos acontecidos todos os envolvidos eram pessoas "comuns", depois é que ela se tornam vítimas.

domingo, 1 de abril de 2012

"Ti ofereço uma flor, em nome do meu amor'"


                                                                        Você aceita?

                                                                     Ela vai murchar...



                                                                         Não quero.


   Por favor, só porque nada é eterno não significa que você não possa aproveitar as belezas momentâneas.
                                                                     Que são muitas...
                             Você pode até não gostar, mas, é uma delas.

segunda-feira, 19 de março de 2012

"A diferença entre o que você diz, e o que você faz me decepciona."

 Foi o que eu escrevi para ele ver... ele viu e entendeu? Duvido. Primeiro porque sei que mesmo que ele visse não entenderia, nem saberia que foi para ele. Segundo, se viu, não se importou... E é exatamente o que eu estou tentando fazer, não me importar. Porque alguém que cria expectativas em você, num momento em que não está disponível, não merece que você dê importância a ela. Infelizmente a gente não escolhe aquele que faz seu corpo e mente agirem quase que por conta própria. Se escolhêssemos evitaríamos muitos erros e mau entendidos, muitas dores e decepções também. 
 A solução no momento foi deletar totalmente qualquer contato, se eu ver na rua, fujo das vistas. Porque pensando bem para começar fui eu que arranjei todo esse problema, claro que sem saber, mas ainda assim fui eu que me aproximei.
 Assim sendo, vou prestar mais atenção nos meus pequenos atos, que são combustíveis para grandes explosões nos castelos imaginários que eu costumo construir, antes mesmo de ter um terreno onde acomodá-lo.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Platônico

'' Minhas batalhas geralmente são em silêncio."

 Parecia que ele sabia que eu queria sentar perto dele. Será se eu sou tão transparente assim? Porque parece que para todos os outros não...
 Sabe quando você chega perto de alguém e sente um calor exalando do corpo dele? É isso o que eu sinto. Porque não consigo expressar com palavras aquilo que meu corpo fala deliberadamente? Quando ele está perto só consigo ficar em silêncio. E acho que causo a mesma coisa nele, geralmente tão falante, na  minha presença parece sempre angustiado e confuso. Tenho vontade de dizer-lhe que não é necessário nada disso, resolver tudo com um simples gesto...
 Mas por outro lado gosto de observar o que posso fazer a alguém, sem nem lhe dirigir uma palavra si quer. Ou pode ser tudo apenas a minha imaginação...

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Provar

Como Machado de Assis já disse indiretamente em seu livro Dom Casmurro, para alguns não basta estar junto com alguém, é preciso mostrar aos outros o quanto você está bem e feliz. Mas será que essa necessidade não mostra geralmente o contrário... é o que eu me pergunto quando vejo esse comportamento por aí.
Cadê aquele amor que ninguém vê?
Sinto que todos querem provar uma coisa que não existe.