segunda-feira, 11 de junho de 2012

Hannah Arendt



O amor é uma poderosa força antipolítica
“O amor, em virtude de sua paixão, destrói o ‘entre’, esse espaço que nos relaciona com outros e nos separa deles. Enquanto dura seu encanto, o único ‘entre’ que pode inserir-se no meio de dois amantes é a criança, o próprio produto do amor. A criança, esse ‘entre’ com que os amantes agora estão relacionados e mantêm em comum, é representativa do mundo onde ela também os separa; é uma indicação de que eles inserirão um novo mundo no mundo existente. Por meio da criança, é como se os amantes retornassem ao mundo do qual seu amor os expeliu. Mas essa nova mundanidade, resultado e único final possíveis de um caso de amor, é, num certo sentido, o final de um amor, que deve superar novamente os padrões ou ser transformado em outro modo de estar juntos. O amor por sua natureza não é mundano, e é por isso — não por raridade — que é não apenas apolítico, mas antipolítico, talvez a mais poderosa de todas as forças antipolíticas humanas.”

(Trecho de “A Con­dição Hu­mana”, de Hannah Arendt)

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Me perdi.




 Até então eu pensava que sabia quem eu era. Estava fazendo tudo aquilo que era bom para mim e meu futuro. Tudo o que me diziam. Mas não sabia exatamente o porque de tudo aquilo. Pode até parecer estranho, mas na verdade nunca desejei nada. Ia para onde me mandavam, sem pensar muito bem até onde isso me levaria. Aqueles próximos de mim não perderam tempo, sabiam muito bem o que queriam, e como chegar lá. Pelo menos foi a conclusão que tirei depois que me perdi, ou me achei não sei. 
 Apesar disso, penso que uma decisão errada que tomei, porque ninguém me obrigou a nada, foi certa. Isso me levou a um lugar que me abriu os olhos, até então, para uma realidade que eu não conhecia. Aprendi nesse lugar coisas que não sabia e que sei que se tivesse tomado o caminho certo, nunca aprenderia. Sou muito jovem e não precisava daquilo para viver, mas para aprender. Fui criada em um lugar que não me possibilitou ver a verdade. Eles fizeram de tudo para que eu ficasse o melhor possível.
 As oportunidades passaram por mim e eu deixei elas irem, porque não achava que elas eram dignas de mim. Eu me achava incrivelmente importante e insubstituível, esse lugar  me ensinou que eu estava enganada.        Me ensinou que nem todas as pessoas tem boas intenções, que fora da minha casa existe muita gente invejosa, e que não perde uma oportunidade de passar por cima de você, se estiver impedindo o caminho delas para conseguir algo. Eu cresci e amadureci nesse lugar, que eu penso que me ensinou muito mais do que todo o tempo que eu passei na escola. Conheci muita gente nobre que não recebe o respeito que merece, pelo que é, e pelo que faz. Gente que eu nunca vou esquecer, porque realmente mudaram a minha vida. E que se for possível gostaria de continuar mantendo contato, porque tive que sair de lá. Não aguentei mais, era muito pesado para mim, e eu entrei em crise. Porque graças a esse lugar, tive minha primeira crise existencial: "o que sou? onde estou? como cheguei aqui? para onde vou?será que eu preciso mesmo disso?" E isso me fez muito bem. Me ajudou a descobrir o que eu realmente gosto e quero para minha vida.
 Eu arranjei um emprego. Todos deviam ter pelo menos um na vida.