terça-feira, 26 de outubro de 2021

A Pedra Filosofal

Pedro Viaja o Mundo”, Quem é Sua Bússola de Ouro?


Como de operadora de telemarketing, Capitu chegou ao Congresso Nacional, deturpando informações. O chefe da Empresa era o Marido da Dakota Lindemberg Jardins, Barack Lindemberg Jardins.

Chá e pipoca, é tudo o que Pedro me dá. Quem é Pedro? Pedro é meu amigo. De quem tenho lindas lembranças de passeios estranhos. Pedro as vezes me visita no Palácio do Jaburu, para onde me mudei recentemente. Pedro me observa com grande constância, ele aprendeu todos os meus encantamentos e segue pelo mundo repetindo qualquer palavra que eu diga, ou ouse dizer. Do lado dele, tenho medo de dizer certas coisas, e acabar perdendo tudo que eu construí até agora.


Capitu Conversa com Pedro em Particular as Margens do Lago Paranoá

Sigo fazendo arte, e num desses meus dias excitantes, reencontrei meu amigo Pedro. Um rapaz muito sagaz, rápido no gatilho, aprendeu com mamãe a caçar galinhas. Mas como eu sou descendente de onças-pintadas, eu me escapo das ansiosas mãos de Pedro. Pedrinho meu coleguinha de competições, tem muitas armas engenhosas, mas não pensa com a cabeça, o coitadinho pensa que é herói. Engano dele, não existem heróis, existem pessoas correndo contra o tempo, atrás da sua própria sobrevivência. Infelizmente eu não posso negar que já tive alguns minutos de encantamento pelo Pedro, ele tem uma voz rouca sabe, eu achava isso sensual. Mas quando descobri que sua voz era assim pelo vício em cigarros entre outras coisas, o encantamento se quebrou.

Pedro: Capitu (sua voz tem um ar de surpresa, com um leve toque de irritação, como se tivesse levado um susto), olá de novo. Conseguiu sair da “Casa de Bonecas”?

Capitu: Porque “Casa de Bonecas”?

Pedro: Porque sim.

Capitu: Porque sim não é resposta. Não moro numa casa de bonecas, moro numa Mansão Parlamentar, um corpo onde decisões importantes são decididas dos os dias de minha vida. É um Reino muito Unido sabe, com poderes Soberanos.

Pedro: Achei que você gostasse de coisas novas, e que nunca ia sair do meu encalço.

Capitu: ando sentindo muitas dores, tenhos cinquenta estados muito diferenciados, que andam me causando confusão mental. Preciso dar adeus a eles, e visitar novas terras. Conhecer novas culturas, fazer novas amizades.

Pedro: Mas o que vai ser de mim sem você? Você sabe que você não pode sair totalmente da minha cabeça, quando sinto fome, seu nome sempre vem a minha mente.

Capitu: Porque você não toma umas anfetaminas, para emagrecer, está muito gordo, só pensa em comida. Ou algo mais natural, como um chá de gengibre e canela, você precisa diminuir o ritmo. Se tornar um homem mais caseiro.

Pedro: Você sempre com essas ideias malucas.

Os dois se olham com meios sorrisos, e meneios leves de cabeça. De longe, quem olha pensa que são um casal muito romântico. Mas no fundo são antigos inimigos. Tiverem muitos embates sangrentos no passado, tentam por fim a esse relacionamento abusivo, mas sabe como é, tudo o que é novo tende a degradar, e ir buscar atualização em coisas infinitas.

Capitu: Eu já te amei muito, sabe Pedro. Você é um milho de boa linhagem, cultura e bagagem você tem, mas anda de barriga cheia. Precisa emagrecer, está pançudo, isso não é saudável.

Pedro: Você é tão fofinha sabia, estava com saudade das nossas discussões.

Capitu: As vezes sou obrigada a receber visitas indesejadas e insistentes.

Esse lindo momento de ternura, aconteceu num encontro onde o objetivo principal era ”Reforçar Relações Comerciais”. Um relacionamento mais profundo, entende? A vida é muito rara, e ultimante anda sendo comprada por um preço muito baixo. Não está sendo valorizada. Capitu como sempre anda bem-vestida e arrumada, deixou de lado os vestidos antigos costurados de última hora, os consertos dos rasgos feitos em sua roupa era ela mesma que fazia. Agora usa cores mais modernas, com os moldes ainda antigos, mas que sempre agradaram mais a ela. Estar sempre em busca de renovação, coisas novas e brilhantes, fugazes, deixa ela cansada. Sendo que a elegância é algo que não se pode medir, ou comprar. É uma atitude moral, mas nunca moralista. Vulgaridade? Ela precisa ser ameniza, e direcionada aos lugares, e alcovas certas. É o que lhe interessa.

Capitu de despede de Pedro dando um beijo molhado e terno em sua bochecha, enquanto olha de banda para a Infantaria Nacional que está a postos, enquanto eles descem a rampa projetada por Oscar Niemeyer, numa despedida solene depois da visitação do eterno hóspede, e ainda por cima exigente.

Pedro: Capitu, você está traindo o Filho do Homem com um beijo?

Capitu se volta pela multidão que os observa, os filhos do Brasil adoram saber das notícias, estar sempre aterrorizados.

Capitu: Quem vocês estão procurando?

Da multidão vem a resposta. “Tu mesmo, a espada do nosso Governo”. Capitu de vira para Pedro e sorri, com dentes afiados.

Capitu: Sim, estou dizendo que sou eu. Se é a mim que vocês querem deixem essa mulher ir ao encontro de quem desejá-la. Eu não corto nenhuma orelha, muito pelo contrário, elas são úteis, para manter meus fiéis seguidores em segurança. Mantenham as orelhas sempre abertas. E deixem esse homem público, estadista, democrata, cristão, tão atencioso e gentil, que deixa todas as suas entranhas abertas sempre a nossa disposição e vista. Ir embora com tranquilidade.

Pedro: eu não tenho a menor intenção de me retirar daqui. (Fala baixo, e sem mover muito os lábios, como um ventriloco sorridente).

A multidão se exalta, “devemos atacá-los com o cálice?”. Repetitivamente.

Capitu: (em direção a multidão) A espada nunca saí do seu lugar, pois todos os que tomarem a espada morrerão pela espada. Vocês podem beber do cálice que nosso pai nos deu. O líquido é todo de vocês, vocês compartilham com aqueles que lhe amem verdadeiramente, sem precipitações, ameaças, gestos grandiosos, e deselegantes. Vocês decidem, estamos numa democracia. Não é meu amigo Pedro.

Capitu abraça Pedro, coloca sua mão forte no ombro direito de Pedro, e pousa para as fotos dos seus eleitores fervorosos. E tão simpáticos a causa principal, assentação pessoal. Estamos sempre oscilando, surfando a favor de quem nos detesta. Os dois voltam para dentro do Palácio, Pedro vai entrando em sua “Limosine Lincoln” acompanhado de Capitu que é atenciosa e detalhista, ele está com os olhos marejados pelas fortes emoções que o povo brasileiro provoca.

Pedro: Você um dia vai me prender com espadas e bastões, como se eu fosse um bandido?

Capitu: Dia após dia eu ficava sentada no Palácio da Alvorada, aprendendo e ensinando a arquitetar estratégias políticas; contudo, vocês não me prenderam. Porque que eu nunca fui ninguém, quem sou eu para você se lembrar de mim quando fizer ligações com outros países? Você pode muito bem encontrar vantagens em outras relações familiares, você tem fortes vínculos, e todo tipo de parentesco. Eu sei o quanto é trabalhoso. Estou sempre aqui a sua disposição, mas só quando for necessário, e não para esbanjar, nós ainda não chegamos nesse nível. É um país muito jovem que precisa de mais tempo e tranquilidade para se constituir.

Pedro: Eu peço desculpas pelo incomodo.

Capitu: Nada, foi um prazer. Tudo acontece por um bom motivo, tudo isso aconteceu para que se cumprissem os escritos do profeta.

Pedro: Que profeta?

Capitu: Tenha fé, um dia todos saberão a verdade.

Despedida tão rasgadas, e merecidas. Seguranças e curiosos acompanham a arrancada do Lincoln. Um rapaz da multidão, aproveita o fato de que a janela de Pedro está abaixada, corre pula a grade e puxa o terno com Risca de Giz do oficial. Arranca um pedaço do linho do seu terno, os guardas do palácio tentam prendê-lo mas ele é rápido e atlético, foge com uma lembrança da revista.






O Pequeno Príncipe


 

Um livro tragédia anunciada, chamado “O Pequeno Príncipe”


Eu não faço mau a ninguém só a mim mesma, eles tentam me atingir e se atingem. Queria ser professora, mas a meninos querendo me ensinar o que eu já sei. Com intenções escusas.

Um livro profético. E tantas outras palavras, cheias de AMOR. Estão guardadas na sua mochila com estampas de camuflagem. Não me é dada a palavra, mas, mesmo assim, eu ainda falo, através dos outros. Sou muito eloquente, por isso sinto necessidade de escrever esse linda relato. Sou linda, e esperta, mas infelizmente não acredito em príncipes. Preciso que eles me façam acreditar que eles existem, se materializando bem na minha frente. Só acredito naquilo que posso tocar, mas tenho um sentimento raro de pertencimento a meu país, eu não quero ir embora daqui, nunca. E nem posso, meu povo não quer me perder.

Tem muitas coisas aqui que me enchem de prazer, tantos temperos e cheiros diferentes que me invadem, não importa aonde eu vá eles me acompanham e me fazem feliz independente das circunstâncias. São impregnantes como um perfume da Chanel. Tudo por acaso, é mera diversão. Meu quarto é como um hotel de luxo, o Copacana Palace seria uma metáfora perfeita. Meu banheiro, que até então eu acreditava ser privativo, todo branco e com lindos azulejos ao estilo Português, com lindas rosas vermelhas adornadas, agora parece uma rodoviária. Sempre recebendo viajantes em busca de tratamento para um vírus invisível aos olhos de quem tem fé no futuro. Realmente não entendo o motivo de tanta precipitação. Sendo que tudo e todos sempre estiveram em minhas mãos, não a motivo para tanta correria. O apressado come cru, e ainda por cima, corre o risco de queimar a própria língua.

A minha panela está cheia de feijão cozinhando. Os homens do meu país gostam de cantar, e gosto deles assim, é interessante, não à opinião de especialista em qualquer coisa que faça os autênticos pararem de cantar. Há os clones e os originais, minha música verdadeira aos ouvidos de gente fraca, e cheia de amor no coração, é tóxica, causa gripes inesperadas, e as vezes derramamento de sangue. Farmacêuticos não faltam. Amo minha música, você deveria vir aqui ouvi-la, é inspiradora. Sabe como é, se não é, imite. Mas saiba que o que é meu, eu seguro com força. Você quer ser meu também? Sim porque eu tenho tudo, tudo dentro de mim, não me falta nada. Amor vira e mexe, se esconde aqui dentro, sempre tenho que sair de casa para ir caçar mais amor, e guardar na minha caixinha de relicários. Tiram minha energia, para acumulação pessoal, e acumulação de objetos pessoais também.

Sou milionária, mas acima de tudo, gosto de dividir meus bens com todos os necessitados de carinho e atenção. Sou um show de altruísmo e humanologia. Crio fenômenos sobrenaturais, especialistas na arte do drible. Crianças são crianças e meninos são meninos. Mas eu, meu nome é Capitu. Eu já te disse isso? Prazer, Capitu de Capitu Prazer, gosto de homens adultos e já barbados. Nada de garotinhos que parecem ter acabado de sair das fraldas. Até porque para andar a meu lado, tem que aprender a aguentar porradas, encarceramento com cobras famintas, choques em áreas onde o sol não entra, ou até cortes de cabelo na máquina zero, que nem sempre me deixam atrativa, mas causa sensações interessantes. O vento bate na minha careca e me dá arrepios. Ser relembrada de quem manda, de forma carinhosa com divertidos afogamentos em caixas d` água entupidas de gelo, me faz ter uma memória de elefante. 90 por cento dela está submersa, e apenas 10 por cento permanece explícito de uma forma espetacular e mirabolante, essas aparições aí pelo globo, menos na casa da minha mamãe e do meu papai, fazem as pessoas acreditarem que ela é vulgar, e está em busca de guerra ou de recompensas.

Mas ela fala em línguas arianas, próprias de sânscritos sagrados hindus, um povo próprio da árias que viveu há muito tempo no planalto Iraniano, no sul da Ásia, entre o mar Cáspio e as montanhas do Hindu Kuch. Há cerca de 3.500 anos um ramo deste povo conquistou a Índia, e curiosa como ela é, gosta de aprender sobre tudo e todos. Nada é invisível aos seus olhos, e isso pode causar revoltas inesperadas, você sabia? Ela é amante da yoga, suas posições favoritas em sequência de seus movimentos ditados pela mamãe natureza são; Adho Mukha Svanasana, Ardha Bhujangasana, Trikonasana, Virabhadrasana 1, Balasana, Marichyasana, Virabhadrasana 2, Trikonasana, Urdhva Mukha Svanasana. Confuso? Eu sei. Infelizmente para mim faz todo sentido, eu vivo isso na pele, aqui tudo é possível até coisas esdrúxulas. Gostaria de saber como resolver essa competição entre espelhos curvos, e espelhos côncavos, estão me deformando por pura diversão e entretenimento do público. Mesmo que eu faça muito, e mereça justamente por esse motivo, não consigo navegar no meu próprio barco? Porque? Alguém me explique, porque esse círculo de amizades nunca termina, eu imploro ao senhor de posses.

Escrever é acima de tudo um ato de loucura, rio sozinha, mostro os dentes sem medir as consequências terríveis das minhas palavras. Sou preguiçosa e sonolenta e nem sempre gosto de estar me empenhando em um só projeto, tenho múltiplos braços que trabalham para minha proteção pessoal. Sou preciosa ao meu país, é curioso como não entro, mas também não saio das redondezas. Bem, mas se tem uma coisa que me segura bem firme, e com os pés no devido chão, é a certeza de que o amanhã sempre me traz novidades e belas oportunidades. Estou numa espera eterna, de que a minha ideia original volte a mim em forma de um boneco Ken de plástico. Ou até a própria Barbie, se ela estiver entediada e em busca de novas aventuras, combustível para o seu jatinho particular. Quem sou eu para me intrometer em disputas amorosas tão sérias e requintadas?

Tenho uma criação de galinhas, você gosta de strogonoff? Sou cozinheira de mão cheia. Acontece que, na posição que agora me encontro, eu só posso ir deixando as coisas acontecerem, não possuo o poder necessário de criação, assim que eu crio algo, algum Gavião-Real (Harpia harpyja) desce dos céus milagrosamente e abocanha uma das minhas amadas penosas. Tenho todo tipo de aves majestosas que vem direto da maior floresta do mundo, a Amazônica, que é minha e lamentavelmente pouco visitada. Acho estranho porque ela é um patrimônio mundial. Você acha isso normal? O tempo passa e a gente vai ficando velha, isso faz parte da natureza, mas também não significa que eu não esteja em busca de mais romantismo, sabe? Sacrifícios todos fazemos, pelo bem do nosso país. Algumas, ou várias horas de ilusão e fuga da realidade todos precisam para relaxar. Eu estou cansada, meu cargo é imensamente público e desgastante. Você sabe o que eu preciso?

Fiquei sabendo que você andou por aí falando em meu nome. E aprendendo a ser como eu a partir só seu trabalho. Você não acha que você trabalha demais, quando você se diverte? Eu gosto de diversão, todo o tipo que se tem conhecimento, desde literatura a música, e audiovisual. Sou muito popular e meu telefone toca diariamente, e em horas que nem sempre são confortáveis a minha posição na sociedade. Como eu sei que você é um príncipe cheio de sentimentos belos, vou contar a você qual é minha função dentro da minha Família Adorável. Eu, que agora sou mais do que uma amiga na sua vida, nunca estou em casa, estou sempre perambulando pelo país rodeada de pessoas encarregadas da minha proteção, são pessoas muito provocativas. É que eu pago o salário delas, mas estranhamento elas estão sempre em busca de mais do que devem carregar. Gente sem amor no coração dificilmente consegue ser criativo e criar espaço para guardar coisas úteis para serem usadas no futuro.

Revelo minhas memórias porque quero que um dia, minha história magnífica seja contada para todo o mundo. Mas só por uma atriz que seja capaz de revelar meu lado mais obscuro. Que é o que eu mais gosto em mim. Dentro da Constelação Familiar, qual é a fechadura que a minha chave entra? Naquela que está o mais distante possível, assim eu fico livre de qualquer arranhão de qualquer gatinho mais assanhado.