“Pedro Viaja o Mundo”, Quem é Sua Bússola de Ouro?
Como de operadora de telemarketing, Capitu chegou ao Congresso Nacional, deturpando informações. O chefe da Empresa era o Marido da Dakota Lindemberg Jardins, Barack Lindemberg Jardins.
Chá e pipoca, é tudo o que Pedro me dá. Quem é Pedro? Pedro é meu amigo. De quem tenho lindas lembranças de passeios estranhos. Pedro as vezes me visita no Palácio do Jaburu, para onde me mudei recentemente. Pedro me observa com grande constância, ele aprendeu todos os meus encantamentos e segue pelo mundo repetindo qualquer palavra que eu diga, ou ouse dizer. Do lado dele, tenho medo de dizer certas coisas, e acabar perdendo tudo que eu construí até agora.
Capitu Conversa com Pedro em Particular as Margens do Lago Paranoá
Sigo fazendo arte, e num desses meus dias excitantes, reencontrei meu amigo Pedro. Um rapaz muito sagaz, rápido no gatilho, aprendeu com mamãe a caçar galinhas. Mas como eu sou descendente de onças-pintadas, eu me escapo das ansiosas mãos de Pedro. Pedrinho meu coleguinha de competições, tem muitas armas engenhosas, mas não pensa com a cabeça, o coitadinho pensa que é herói. Engano dele, não existem heróis, existem pessoas correndo contra o tempo, atrás da sua própria sobrevivência. Infelizmente eu não posso negar que já tive alguns minutos de encantamento pelo Pedro, ele tem uma voz rouca sabe, eu achava isso sensual. Mas quando descobri que sua voz era assim pelo vício em cigarros entre outras coisas, o encantamento se quebrou.
Pedro: Capitu (sua voz tem um ar de surpresa, com um leve toque de irritação, como se tivesse levado um susto), olá de novo. Conseguiu sair da “Casa de Bonecas”?
Capitu: Porque “Casa de Bonecas”?
Pedro: Porque sim.
Capitu: Porque sim não é resposta. Não moro numa casa de bonecas, moro numa Mansão Parlamentar, um corpo onde decisões importantes são decididas dos os dias de minha vida. É um Reino muito Unido sabe, com poderes Soberanos.
Pedro: Achei que você gostasse de coisas novas, e que nunca ia sair do meu encalço.
Capitu: ando sentindo muitas dores, tenhos cinquenta estados muito diferenciados, que andam me causando confusão mental. Preciso dar adeus a eles, e visitar novas terras. Conhecer novas culturas, fazer novas amizades.
Pedro: Mas o que vai ser de mim sem você? Você sabe que você não pode sair totalmente da minha cabeça, quando sinto fome, seu nome sempre vem a minha mente.
Capitu: Porque você não toma umas anfetaminas, para emagrecer, está muito gordo, só pensa em comida. Ou algo mais natural, como um chá de gengibre e canela, você precisa diminuir o ritmo. Se tornar um homem mais caseiro.
Pedro: Você sempre com essas ideias malucas.
Os dois se olham com meios sorrisos, e meneios leves de cabeça. De longe, quem olha pensa que são um casal muito romântico. Mas no fundo são antigos inimigos. Tiverem muitos embates sangrentos no passado, tentam por fim a esse relacionamento abusivo, mas sabe como é, tudo o que é novo tende a degradar, e ir buscar atualização em coisas infinitas.
Capitu: Eu já te amei muito, sabe Pedro. Você é um milho de boa linhagem, cultura e bagagem você tem, mas anda de barriga cheia. Precisa emagrecer, está pançudo, isso não é saudável.
Pedro: Você é tão fofinha sabia, estava com saudade das nossas discussões.
Capitu: As vezes sou obrigada a receber visitas indesejadas e insistentes.
Esse lindo momento de ternura, aconteceu num encontro onde o objetivo principal era ”Reforçar Relações Comerciais”. Um relacionamento mais profundo, entende? A vida é muito rara, e ultimante anda sendo comprada por um preço muito baixo. Não está sendo valorizada. Capitu como sempre anda bem-vestida e arrumada, deixou de lado os vestidos antigos costurados de última hora, os consertos dos rasgos feitos em sua roupa era ela mesma que fazia. Agora usa cores mais modernas, com os moldes ainda antigos, mas que sempre agradaram mais a ela. Estar sempre em busca de renovação, coisas novas e brilhantes, fugazes, deixa ela cansada. Sendo que a elegância é algo que não se pode medir, ou comprar. É uma atitude moral, mas nunca moralista. Vulgaridade? Ela precisa ser ameniza, e direcionada aos lugares, e alcovas certas. É o que lhe interessa.
Capitu de despede de Pedro dando um beijo molhado e terno em sua bochecha, enquanto olha de banda para a Infantaria Nacional que está a postos, enquanto eles descem a rampa projetada por Oscar Niemeyer, numa despedida solene depois da visitação do eterno hóspede, e ainda por cima exigente.
Pedro: Capitu, você está traindo o Filho do Homem com um beijo?
Capitu se volta pela multidão que os observa, os filhos do Brasil adoram saber das notícias, estar sempre aterrorizados.
Capitu: Quem vocês estão procurando?
Da multidão vem a resposta. “Tu mesmo, a espada do nosso Governo”. Capitu de vira para Pedro e sorri, com dentes afiados.
Capitu: Sim, estou dizendo que sou eu. Se é a mim que vocês querem deixem essa mulher ir ao encontro de quem desejá-la. Eu não corto nenhuma orelha, muito pelo contrário, elas são úteis, para manter meus fiéis seguidores em segurança. Mantenham as orelhas sempre abertas. E deixem esse homem público, estadista, democrata, cristão, tão atencioso e gentil, que deixa todas as suas entranhas abertas sempre a nossa disposição e vista. Ir embora com tranquilidade.
Pedro: eu não tenho a menor intenção de me retirar daqui. (Fala baixo, e sem mover muito os lábios, como um ventriloco sorridente).
A multidão se exalta, “devemos atacá-los com o cálice?”. Repetitivamente.
Capitu: (em direção a multidão) A espada nunca saí do seu lugar, pois todos os que tomarem a espada morrerão pela espada. Vocês podem beber do cálice que nosso pai nos deu. O líquido é todo de vocês, vocês compartilham com aqueles que lhe amem verdadeiramente, sem precipitações, ameaças, gestos grandiosos, e deselegantes. Vocês decidem, estamos numa democracia. Não é meu amigo Pedro.
Capitu abraça Pedro, coloca sua mão forte no ombro direito de Pedro, e pousa para as fotos dos seus eleitores fervorosos. E tão simpáticos a causa principal, assentação pessoal. Estamos sempre oscilando, surfando a favor de quem nos detesta. Os dois voltam para dentro do Palácio, Pedro vai entrando em sua “Limosine Lincoln” acompanhado de Capitu que é atenciosa e detalhista, ele está com os olhos marejados pelas fortes emoções que o povo brasileiro provoca.
Pedro: Você um dia vai me prender com espadas e bastões, como se eu fosse um bandido?
Capitu: Dia após dia eu ficava sentada no Palácio da Alvorada, aprendendo e ensinando a arquitetar estratégias políticas; contudo, vocês não me prenderam. Porque que eu nunca fui ninguém, quem sou eu para você se lembrar de mim quando fizer ligações com outros países? Você pode muito bem encontrar vantagens em outras relações familiares, você tem fortes vínculos, e todo tipo de parentesco. Eu sei o quanto é trabalhoso. Estou sempre aqui a sua disposição, mas só quando for necessário, e não para esbanjar, nós ainda não chegamos nesse nível. É um país muito jovem que precisa de mais tempo e tranquilidade para se constituir.
Pedro: Eu peço desculpas pelo incomodo.
Capitu: Nada, foi um prazer. Tudo acontece por um bom motivo, tudo isso aconteceu para que se cumprissem os escritos do profeta.
Pedro: Que profeta?
Capitu: Tenha fé, um dia todos saberão a verdade.
Despedida tão rasgadas, e merecidas. Seguranças e curiosos acompanham a arrancada do Lincoln. Um rapaz da multidão, aproveita o fato de que a janela de Pedro está abaixada, corre pula a grade e puxa o terno com Risca de Giz do oficial. Arranca um pedaço do linho do seu terno, os guardas do palácio tentam prendê-lo mas ele é rápido e atlético, foge com uma lembrança da revista.