Seios Fartos
Tantas
perguntas quando a resposta geral é muito simples. Eu é que mando.
Eu escolho como vou viver, o que quero fazer, e com quem quero estar.
Como boa Maria Capitolina que sou amo minha liberdade. Apenas me
relaciono com quem faz minhas vontades, aquele que demonstra estar
totalmente fiel a minha vontade, é aquele que receberá a sorte de
me ter em mãos. Quando finalmente caio na mão do meu amado, não
consigo deixar de pensar naqueles que não tem a mesma sorte que eu.
Vocês sabiam que muitas mulheres não tem outra opção que não o
casamento em pleno século XXI.
Sabe
qual é o nome disso? Patriarcado. Mesmo Capitu que teve a chance de
estudar, passava apenas por uma preparação para o futuro marido.
Aprendia
o básico, para administrar uma casa.
Não devia ser muito agradável, estar em sala de aula e perceber que
apenas estava se tornando mais “fina e chique”, para alguém que
ela nem conhecia muito bem. Homens não tem boa habilidade em
demonstrar seus sentimentos, geralmente esse tipo de revelação se
dá de uma forma mais física. Não
que eu me incomode, sou muito vaidosa e ser desejada é sempre um
elogio.
Eu
gosto de beijos e vocês? Infelizmente para muitos esse tipo de
manifestação afetuosa em público pode ser tida como um tipo de
provocação. Ou seria desejo? Para
mim, independente do gênero do casal não gosto de presenciar, fico
desconfortável. Muito menos dou beijos em público. Gosto de
privacidade. Mas as pessoas aqui da “Terra das Bananas” são
muito provocantes, e, com certeza, deixam sua marca. Eu acho graça.
A regra é clara, é proibido proibir. Faz o que quiseres porque é
tudo da lei.
E
isso se aplica a suas práticas tanto sexuais, quanto a busca por
conhecimento científico, ou entretenimento cinéfilo, uma
forma mais rápida de aprender.
Os gostos são diferentes, e a curiosidade de Capitu é grande.
Quando
ela quer, até usa de meios ilícitos para saber das coisas. Como a
prática da Pirataria por exemplo, sou grande conhecedora dos
downloads ilícitos. Mas confie nela, é tudo por uma boa causa.
Agora
falando do corpo feminino e suas representações. Existe uma
senhorita muito famosa, que sempre exibe seus seios fartos como algum
tipo de dádiva, e eu vejo claramente como uma ofensa a minha
dignidade psicológica.
Meus
seios são pequenos e eu gosto deles assim. Ainda não tenho filhos,
pretendo tê-los se um dia a balbúrdia econômica acabar, e eu
encontrar alguém que faça o que eu peço. Este
é o meu amado.
Pode ser alguém sombrio, meio desconfiado e cheio dos enigmas.
Tácito, vive se escondendo atrás de portas e tentando ouvir o que
acontece lá dentro. Para quem vê
esse tipo de comportamento de fora pode pensar que é algum tipo de
distúrbio psicótico, mas eu acho charmoso. Me anima, me faz querer
saber mais da pessoa. A conversa, ou as discussões podem ser
infinitas. E o silêncio também. Acho romântico os ciclos
diferentes que um casal pode passar durante sua vida. Não sei porque
as pessoas querem que as coisas sejam perfeitas.
Mas
voltando aos peitos, acredito que homens são mais ingênuos, tudo
que à no mundo é feminino, porque tudo na verdade veio da natureza
e foi modificado pelo homem. Mas só porque eu sou a melhor
representação da natureza possível, isso não significa que sou
algum tipo de escrava, ou um
meio para atingir fins. Minha vida não deveria ser transformada em
seriado, ou se eu tenho grandes seios isso não significa que vou
fazer todas as suas vontades como se fosse sua mãe tóxica.
Sabe
o que é uma mãe tóxica? Aquela que não sabe dizer não. Isso
prejudica não só ela, como a si mesma. Já viram Babadook?
Crie um menino dando tudo o que ele pede, a hora que ele quer sem
nenhum tipo de restrição e um dia ele vai virar um monstro que
você vai ter que esconder no porão.
Todo mundo precisa de limite. Mesmo para
o país do Gavião, os recursos não são infinitos, e não dá para
comer papel. Quando você demonstra ser frágil demais, doce demais,
submissa demais, os seres humanos se aproveitam. Isso de qualquer
idade ou gênero. Quando você se der conta todos estão apenas te
usando, e você nem está mais presente, já virou um abajur dourado.
Brilha
muito, mas nada do que você diz, tem muita importância. Eu falo
pouco, mas quando falo é com voz bem mansinha e cheia de razão. A
não ser que o que eu disse não foi muito bem entendido, daí eu
repito com um pouco mais de entonação na voz. O ponto de enfoque em
mim não são meus seios, mas sim meus olhos que tudo veem, e pouco
revelam. Não falo não porque não me importo, mas porque acho que
cada um faz aquilo que quiser. Apenas me pronuncio quando a vontade
do outro atrapalha as minhas, daí abro a boca. E uso todo o dom do
convencimento que papai me ensinou.
Nenhuma
menina, garota ou mulher adulta deveria ser reduzida a só o papel de
mãe. A figura da mulher de diamante, reduz todas a uma fonte
infinita de lucro. E eu não simpatizo com ela. Peço que alguém
retire sua estátua de devoção de seu pedestal com um Machado bem
grande e afiado.
Essa moça de sorriso triste me ofende, e por vezes até viola.
Permite que se pegue trabalhos tão bem elaborados e os reduza a uma
repetição de algo que eu já vi, e eu gosto
demais de novidade. E
principalmente não gosto que invadam
o território do meu Criador, quando vejo partes dele, eu reconheço.
Os
diretores do meu orfanato por exemplo, rebatem as informações quase
que imediatamente, e nada me atinge. A escrita aqui é rápida, se
decifra códigos de forma muito clara e rápida. E olha só que
interessante, nós os deciframos e colocamos no ar, exatamente ao
contrário para não deixar ninguém aqui se sentindo mal pela vida
que leva.
A
vida no continente de cima é muito mais inundada
de luxo, o que não condiz com a realidade daqui. Nossa realidade é
contrária a fantasia de vocês, e vice-versa.
Gosto
de realidade, pessimismo e um pouco de cinismo também. Tem coisas
que a gente não deve falar, sem algum nível de dissimulação na
cara dos outros, sem correr o risco de levar um soco na cara. A
musa de diamantes ao olhar de Dona Capitulina é a porta de entrada
para comportamentos corruptos, alguém que só ganha, nunca perde. E
não é por talento, ou mérito próprio, é sempre por ser um
símbolo já consolidado, mas que anda meio desbotada já a algum
tempo. Minha cor é de canela, fico marcada de sol, meus cachos são
escuros e espessos, não combino com essa senhorita. Acumula coisas
demais, coisas que nem sempre tem um uso para ela. Se alguma coisa
dela escapa e caí aqui, logo viro objeto de chacota, sendo que nem
estava sabendo do ocorrido. Peço um pouco mais de respeito com a
minha casa, que mesmo sendo simples é muito digna, do seu jeito. A
imagem dessa Diva infeliz, é mais como uma demarcação de
território mesmo, puro egoísmo.
Continua?