O papo começou na maior paz. Até porque todos são muito bem educados. Eu estava ali apenas para ouvir. Porque não sou parte deles, me sinto mais como uma intrusa. Apesar da primeira impressão ser de uma família amorosa e gentil. Falavam sobre o seu dia a dia, sua rotina como um grupo. De repente começaram a falar alto e um deles pareceu muito exaltado e até raivoso, mudou totalmente seu semblante.
Ele:
“Eu não acredito que
ela teve coragem de fazer isso com todos..., em uma família em que todos seguem
as leis , e nem adianta dizer que ela não sabia em que estava se metendo”.
Ela:
“Agora ela me vê e finge que nem conhece, ontem ela foi
estender roupas no quintal e fingiu que não estava me vendo ali’.
Ele:
“Agora quando eu vejo os trabalhos aí na rua, boto fogo mesmo!!!
Porque só ele tem poder!!! O marido quando passa por mim no carro nem olha na
minha cara, porque o demônio sabe que se ele olhar nos meus olhos É FOGO!!!
Isso aí é ele que não deixa ele me olhar”.
A Outra:
“Esses dia eu desci do ônibus e joguei óleo ungido no
trabalho, o motorista falou que não era pra mexer... mas tem que mexer, QUE NÃO
MEXER O QUE! NÃO TENHO MEDO! A gente tem que mexer para que eles não façam mal
a ninguém!”
No momento eu só conseguia pensar, com que tipo de gente eu estou me metendo?
Ele:
"Mas macumbeiro não tem vez com o poder de jesus!"
SILÊNCIO.
Depois dessa "conversa", contei os minutos para poder ir embora, por pura sorte estava em uma região em que a condução só passa três vezes no dia, se perdesse a segunda teria que voltar para a casa. Nunca rezei tanto, para não perder o ônibus. Nunca mais volto lá.