segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Papel


 Meu pai gosta de papel. Herdei isso dele. O via escrevendo durante a tarde. Achava interessante que ele ao errar a escrita, não se irritava. Apenas riscava a palavra que deveria ser consertada. Me deu de presente um livro de colorir com imagens em preto e branco do "Pica-Pau". O passarinho ruivo.
 Nunca tinha visto um "Pica-Pau" na vida, mas adorei o presente. Gostei tanto que não queria imaculá-lo. Só passava de página em página, maravilhada com as figuras. Sem querer acabei rasgando uma das folhas... Estava brincando com um gato da vizinha, com o livro nas mãos.
 Um gato preto, muito parecido com o Banguela, que possuo hoje em dia. Não é que o gato me distraiu, e bateu a patinha na página? Rasgou de imediato. Ficou muito triste, mas como minha mãe Carolina rememorar, não chorei uma lágrima sequer...
 Porque estou falando disso?
 Porquê tenho TOC papelástico.
 Uma ranhura no papel me deixa obsessiva.
 Estava mexendo com papéis amarelados agora (o amarelado faz eu ter ternura pelo papel...), e com um clipes sem querer retirei uma lasquinha de papel de um Livro Novo.
 Daí lembrei desse episódio que me trás sensação de insegurança. É algo que fica comigo.

                                                                       Capitu.