segunda-feira, 3 de junho de 2013


Vladimir Nabokov
Resumo

    Lolita é um romance em língua inglesa, de autoria do escritor russo Vladimir Nabokov, publicado pela primeira vez em 1955.
    O romance é narrado em primeira pessoa pelo protagonista, o professor de poesia francesa Humbert Humbert, que se apaixona por Dolores Haze, sua enteada de doze anos e a quem apelida de Lolita. O professor, que já conta com uma certa idade, desde o início se define como um pervertido e aponta como causa um romance traumático em sua juventude.
    Mas em função do início chocante, sem dúvida o livro ficou famoso como um dos romances mais polêmicos já publicados, tanto que antes de chegar ao público, foi rejeitado por diversas editoras.
    A obra conta com diversas qualidades literárias e uma estrutura curiosa, que pode ser interpretada como uma mistura de diversos estilos cinematográficos: do início psico-erótico típico de um filme europeu, a história passa para um drama de periferia quando o professor vai morar em New Hampshire. Depois a ação lembra um road movie, com uma longa viagem de carro; passa para um romance de mistério, com o enigma de um perseguidor oculto; e no final se torna um drama policial, ao estilo de um filme noir.
    Irreverente e refinado, este é um dos romances mais célebres de todos os tempos. É também uma aventura intelectual que não deixa ninguém indiferente, um relato apaixonado de uma sensualidade alucinada, uma autópsia implacável do modo de vida americano. De um lado, um homem de meia-idade, obsessivo e cínico. De outro, uma garota de doze anos, perversamente ingênua. A química se faz e dá origem a uma obra-prima da literatura do nosso século. 'Lolita' é chocante, desafia tabus, escandaliza. O livro foi incorporado ao imaginário coletivo da modernidade, e até o nome da personagem tornou-se um substantivo corrente, provas do alcance e da genialidade do autor.

Ontologia em  Lolita de Vladimir Nabokov
 Ele se refere a ela como algo diabólico:

“Quero agora expor uma ideia. Entre os limites de idade de nove e catorze anos, virgens há que revelam a certos viajores enfeitiçados, bastante mais velhos do que elas, sua verdadeira natureza ----- que não é humana, mas nínfica (isto é, diabólica). A essas criaturas singulares proponho dar o nome de “ninfetas.” - Trecho
Humbert dá muito significado a Lolita, ela justamente o afeta por um fato do passado ter muito significado para ele. Lolita é em fenômeno na vida de Humbert, causa de intenso prazer e também angústia. Um homem vazio que tenta desesperadamente se preencher buscando essa garota. Toda sua obsessão a ela, é o fato dele apenas se sentir existindo estando com ela. De um modo interessante, já de início é uma busca fracassada, e ele próprio sabe disso, pelo fato de que Lolita não será para sempre uma criança. O prazer do pedófilo um dia terá fim. Ele se refere a sua própria trajetória como seu Destino em vários momentos. Chega até a pensar em engravida-la para depois se aproveitar da criança e aumentar seu tempo “encantado”, e esse é seu monstruoso e angustiante projeto de futuro. Nesse romance a temporalidade é sempre presente, ele sempre relembrando que Lolita não será para sempre uma ninfeta. Mas quando se trata dele próprio, parece que se sente imortal. Constrói a ideia de que uma ninfeta, não sendo mulher nem criança, é portanto, algo além da realidade. É um ir além, uma transcendência que só os loucos compartilham. Mas pelo fato dele mesmo não se considerar um adulto, leva a crer que essa ilusão só serve para preencher o vazio de um homem que não amadureceu.

“ Havia naquele ígneo fantasma uma perfeição que também fazia perfeita minha selvagem volúpia, exatamente porque a visão estava fora de alcance, sem qualquer possibilidade de ser atingida e corrompida pela consciência de um tabu inarredável; na verdade, a atração que a imaturidade exerce sobre mim talvez resida não tanto na limpidez da beleza pura e proibida de uma menina encantada, como na segurança de uma situação em infinitas perfeições preenchem o abismo entre o pouco que é dado e o muito que é prometido ---- os picos cinzentos e rosados do inatingível.” - Trecho

A existência humana consiste em estar continuamente saindo de si mesma, transcendendo a situação imediata, em direção a algo que ainda poderá ser para completar-se, ou totalizar-se. ------ Forguieri Cintrão, Yolanda. Enfoque Fenomenológico da Personalidade.
O fato de ele ser um pedófilo é ontológico não muda. Mas a forma de sua história com Lolita é Ôntica.  A questão de ser aquele que conta o relacionamento com Lolita, suas viagens e a “traição”, se trata apenas de sua visão. E com certeza não a de Dolores.  Portanto, sua visão mascaradamente “ romantizada” é ôntica porque Humbert é cínico, ele mesmo admite isso. Ter garotinhas como objeto de desejo sexual é ontológico para todo pedófilo, mas arquitetar um plano para seduzi-la pensar em matar a mãe, fugir com ela pelos EUA, sempre viajando para não ser pego, se estabelecendo em Beardsley por uns tempos com a alcunha de pai e filha, colocando-a em uma escola e aparentando serem uma família comum, é ôntico. Nabokov transforma um relato banal e moralmente inaceitável, na maioria das sociedades, de um homem de meia idade com uma menina, em uma obra de arte. Como muitas outras que abordam a perda da inocência e seus perigos. Que nos faz pensar na atenção e proteção que se deve dar aos jovens, e na relação que uma sociedade com valores errados pode ser perigosa para os jovens que são alvos fáceis. Entrar no mundo dos adultos sem ter atingido a maturidade é ontologicamente perigoso. A maneira que cada um deixa a infância, perde sua ingenuidade, amadurece é ôntica. E deve ser vivida da sua maneira e à seu tempo para que se torne um adulto saudável.
 Lolita se torna a razão de viver de Humbert por ter todas as características simbólicas que ele valoriza. Argumenta que seu “apetite” por meninas pubescentes, vem de sua experiência inacabada com Anabele. A primeira namorada de sua infância, uma paixão forte, mas que não foi consumida. Então ele conta que dessa sua experiência frustrada restou o interesse por garotas parecidas com Anabele, ou seja, o símbolo de seu desejo são “retratos de Anabele”. Que é o que ele enxerga na primeira vez que vê Lolita, quando ela está naquilo que Charlote chama de piazza, de bíquini e banhada pelo sol relembrando cenas de Anabele no Miranda (antigo hotel do seu falecido pai). Devido a tudo isso, essa é sua forma ôntica de direcionar seus desejos sexuais. 
 O modo de “ser no mundo” de Lolita na década em que se encontrava, era sendo artista de cinema. Seu sonho era ser atriz. Início do capitalismo e onde glamorosas artistas de cinema eram muito valorizadas. Até hoje essa influência dos EUA permanece, todos querem ser artistas. Humbert “é no Mundo” estando ao lado de Lolita e fazendo todas as suas vontades, para que ela lhe retribua com o afeto que ele deseja tanto. Quando Lolita o “trai”, foge, Humbert entra em crise. E toda a angústia que “perder” Dolores Haze causou:

 “ Cada vez que isso acontecia ----- cada vez que suas adoráveis garatujas de curvas infantis se convertiam horrivelmente nas letras insossas de alguma das poucas pessoas com quem me correspondia -----, eu costumava lembrar-me, com divertida angústia, daquelas ocasiões no meu crédulo e pré-doloriano passado em que, iludido pelo brilho de uma janela oposta, meu olhar espreitante, aquele periscópio sempre alerta de meu maldito vício, entrevia a distância uma ninfeta seminua que penteava os cabelos, qual Alice no país das minhas maravilhas. “  - Trecho
 
“A angústia é o modo mais originário e profundo de nosso existir preocupado. Quando estamos angustiados, ficamos muito aflitos, sentimo-nos impotentes para nos livrar da aflição, pois a angústia não tem um objeto definido em relação ao qual possamos nos envolver e agir, para superar. A angústia é a negação de todo objeto, ou, em outras palavras, seu único objeto é a própria ameaça cuja fonte é o “nada”.” . ------ Forguieri Cintrão, Yolanda. Enfoque Fenomenológico da Personalidade. 

Ele sai em sua caçada que não encontra êxito. Muito que é prometido e o pouco que é dado, gera toda essa angústia, em que parece que Humbert é viciado. Uma angústia que deveria abrir espaço para que algo nascesse, mas não é o que acontece.  Durante toda a história Lolita que tinha sonho de ser estrela de cinema, é vítima de todas as formas possíveis. Entra na puberdade dessa forma, e nunca compreende seu modo de ser porque, o ser que ela era como possibilidade, foi aniquilado por seu sequestrador.  

Bibliografia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lolita - Resumo
http://www.skoob.com.br/livro/1105-lolita -Sinopse
Nabokov, Vladimir . Lolita, 1955. Tradução de Jorio Dauster.
Forguieri Cintrão, Yolanda. Enfoque Fenomenológico da Personalidade.



segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Lolita



 Depois que se começa a ler esse livro qualquer garota ou mulher fica paranoica. Tudo a sua volta começa a ter um novo sentido, imagens publicitárias, a super proteção da sua mãe que até então você achava que era apenas chatice, as reações que os homens tem com garotas novinhas... Você não sabia, mas era inocente, podem dizer o que for, mas a arte retrata a vida, e todos os homens que respiram, tem um Humbert Humbert dentro de si. Pode parecer exagero, mas o autor não retratou nada mais do que a realidade.
 É como se os homens se sentissem imortais diante de uma beleza feminina infantilizada que se esvai em pouco tempo, enquanto eles, confirmados pela nossa sociedade machista, ficam mais " charmosos' com o tempo. Não me parece justo, e causa muitos conflitos de vaidade nos grupos femininos. Onde só aquela que parece mais uma criança, é considerada bonita, e a mulher madura já feita, não é valorizada. Além de ser perigoso este tipo de pensamento, porque ao parece sempre foi assim, mas ultimamente é algo que está em todo lugar. Na mídia em geral, meninas cada vez mais jovens pousando em fotos sensuais, adolescentes cantando músicas com letras apelativas, eu tenho medo de onde isso vai parar.
 As pessoas são facilmente influenciadas. Em um século em que parece que as coisas tendem a ser cada vez mais rápidas, os jovens se sentem obrigados a amadurecer rapidamente também. E isso não me parece saudável. Muitos que não entendem o livro, ou que se entenderam e tem essa opinião devem ter problemas sérios, tem uma visão romântica da Lolita, ou que tudo o que se passou com ela é por culpa dela mesma. É o reflexo de uma sociedade vaidosa, invejosa, e individualista. 
 Culpa daqueles que viveram mais tempo, portanto deveriam ser aqueles que orientam e dão exemplo aos mais jovens. Culpa daqueles que apenas envelhecem, não crescem. Culpa de jovens adultos.